Deitada naquele sofá azul escarlate, podia ver cada prega do couro pintado saltando aos seus olhos. Sentia o vento fraco do ar condicionado batendo suavemente sobre suas pernas descobertas, e sentia o arrepio subindo e entrando pela sua saia. As almofadas encostavam de leve sobre si e pareciam afundá-la no sofá. Um sentimento de prazer foi tomando-lhe conta do corpo todo, o sorriso parecia-lhe inevitável. Os músculos faciais repuxavam com toda a força os cantos de seus lábios e a memória lhe trouxe a imagem dele, deitando-se sobre ela. O brilho dos olhos e o toque quente e suave acariciando-lhe os ombros, as coxas, o rosto, os cabelos... fio a fio.
As vozes ao redor não faziam mais sentido e ela só conseguia ouvir o timbre da voz dele sussurrando, ressoando em suas lembranças, que agora pareciam mais que reais. Por instantes ela reviveu a cena, desta vez deitada no sofá vazio de um apartamento no Jardins.
E ao abrir os olhos podia vê-lo cara-a-cara, o sorriso, o nariz, o contorno de sua boca... Podia senti-lo em todos os poros de sua pele e conseguia tocar novamente o seu cabelo macio. Sentia-se em êxtase, efeito que só ele tinha sobre ela... e não queria que aquilo acabasse mais uma vez. Parecia eterno, e seria.
O enjôo foi lhe invadindo, interrompendo a retomada da felicidade, levantou-se e foi flutuando até o lavabo. Todas as cores brilhavam mais e as paredes brancas eram como cristais refletindo a luz. O papel fazia um desenho incomum, ela podia ver flores e folhas saindo do vaso sanitário. A torneira não jorrava água, ao invés expelia um líquido de temperatura agradável que lhe acalmava, acalentava a alma. E sentia a textura da chave, do piso...
Retomou seu lugar no sofá que parecia dez vezes maior e mais fofo. Ao som de Ben Harper conseguia transportar-se para a praia e montanha ao mesmo tempo, sentia as ondas chacoalhando sua cabeça e seu corpo pra lá... pra cá... pra lá.... e de súbito, não conseguia mais voltar para a lembrança agradável... as ondas viraram maremoto. E jogavam-na, debatiam-na contra o encosto do sofá, gritavam ao seu ouvido.
Imóvel, o mundo se mexia ao seu redor. Com as mãos a longa distancia podia mover a tela, com um toque imaginário movia coisas do lugar. Olhou para o lado e viu um dos três gatos da casa. Cinco vezes maior que o real, os olhos fixos em si, as patas cravadas no chão de madeira. O gato tocava piano.
Cansada e com sono, deitou-se na cama. Sentiu como se as laterais do colchão fossem mais baixas que o centro, como se a cada movimento escorregaria para o chão ou para um buraco escuro e infinito. Teve medo, teve calor, teve frio, teve tristeza e ataque de risos. Dormiu enfim, em busca de um sonho perfeito. As imagens eram desconfiguradas, mas quase tão reais quanto o resto.
Acordou, levantou, bebeu uma cerveja, acendeu um cigarro, querendo se aventurar para sempre nessas águas que traziam a tona tantas sensações. Que traziam de volta momentos irrecuperáveis, que lhe arrancavam sorrisos involuntários e faziam-na sentir o que de melhor já havia sentido. Mas recobrou-se. Esqueceu-se. Lamentou-se.
E, com muito prazer, seu nome era Maria Joana....
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
SO LONELY
"Can't believe I hadda girl like you, and I just let you walk right outta my life, after all I put you thru you still stuck around and stayed by my side, what really hurt me is I broke your heart, baby you were a good girl and I had no right, I Really wanna make things right cause, without you in my life girl is so..."
E sim, talvez agora eu seja a Miss. Lonely... quem sabe? EU? não... nunca... fui e sou fraca... não por opção mas por falta de forças para lutar com meus moinhos imaginários......
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
AUTO-AJUDA
Quanto ao coração, agora tenho dois sentimentos que predominam e se misturam. Pena e compaixão por seres que rastejam, arrastam-se, humilham-se por causas perdidas. Sinto muito por aqueles que não são capazes de ver um palmo a frente do rosto. Que não conseguem sair do passado e sentir a brisa fresca do furturo chamando, pedindo, implorando, rezando pra que sigam em frente e arrisquem-se novamente. Sinto por esses pobres de espírito que temem a felicidade, que se escondem e fogem do amor. O verdadeiro amor, o mútuo.
Cruel é impor limites aos sentimentos, colocar regras às relações. Tenho profunda angústia ao observar o sofrimento alheio quando se trata da rejeição, da subordinação, da auto-negação. É triste e real a falta de habilidade de uns quando se trata de ser feliz.
A vida oferece tanta oportunidade, tanta abertura, conjuntura, e insistem na ditadura do sofrer, e vem o tempo da dentadura e a juventude se esvoa e já se é tarde demais pra recomeçar, pra tentar, pra prometer e jurar.
E intrigada procuro saídas próximas, válvulas de escape mas cada pessoa é um universo e nada se conhece de infinitos tão peculiares tão pessoais tão particulares.
Quanto ao coração, tenho agora mais um sentimento. Único, híbrido. Tenho agora o amor. Com ele a coragem, a força, a garra. Não por alguém, não há ninguem que saiba valorizar tanto tamanho sentimento senão quem o sente em si próprio, e enfim, por si próprio.
Cruel é impor limites aos sentimentos, colocar regras às relações. Tenho profunda angústia ao observar o sofrimento alheio quando se trata da rejeição, da subordinação, da auto-negação. É triste e real a falta de habilidade de uns quando se trata de ser feliz.
A vida oferece tanta oportunidade, tanta abertura, conjuntura, e insistem na ditadura do sofrer, e vem o tempo da dentadura e a juventude se esvoa e já se é tarde demais pra recomeçar, pra tentar, pra prometer e jurar.
E intrigada procuro saídas próximas, válvulas de escape mas cada pessoa é um universo e nada se conhece de infinitos tão peculiares tão pessoais tão particulares.
Quanto ao coração, tenho agora mais um sentimento. Único, híbrido. Tenho agora o amor. Com ele a coragem, a força, a garra. Não por alguém, não há ninguem que saiba valorizar tanto tamanho sentimento senão quem o sente em si próprio, e enfim, por si próprio.
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
NA NOSSA CASA...
"QUANDO ACONTECEU... QUANDO ALGO EM QUE A GENTE ACREDITAVA SE PERDEU..... POR ONDE VOCÊ ANDAVA??? POR QUE NÃO ME SOCORREU? NÃO É O FIM DO MUNDO.... SÓ É O FIM DE TUDO QUE FOMOS NÓS... "
Mamá, obrigada por me fazer lembrar de quem eu fui... do que eu fui... por abrir meus olhos para o que estava me tornando... a ti serei eternamente grata por não me deixar esquecer quem nós somos por essência... FELIZ ANIVERSÁRIO, MINHA GÊMEA, TE AMO MAIS QUE A VIDA!
Mamá, obrigada por me fazer lembrar de quem eu fui... do que eu fui... por abrir meus olhos para o que estava me tornando... a ti serei eternamente grata por não me deixar esquecer quem nós somos por essência... FELIZ ANIVERSÁRIO, MINHA GÊMEA, TE AMO MAIS QUE A VIDA!
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
DE MUDANÇA...
Estou mudando de apartamento. Trocando de casa, e em cada parede que deixo para trás há marcas de dedos em dias de pressa quando as mãos, ignorando as barreiras da física, se debateram contra os obstáculos dos corredores. Em cada porta fecho uma lembrança, me despeço aos poucos de tantos olhares de diversas faces. E olho pela última vez o espelho, de frente aos degraus da solidão, que em dias tristes me suportaram escorrendo de angústia. Olho a televisão em cima da estante que dividiu comigo tantos risos e tantas revoltas. A varanda dá para a cidade, que um dia coube em minhas mãos, e a paisagem já não é mais minha... algum outro olho a terá em breve. E dói saber que tudo que eu construí, e planejei, e medi, e pensei, e sonhei esta ficando para trás, para alguem cujo nome ou personalidade desconheço. Minhas paredes, minhas portas e corredores e pias... não serão mais meus. E não, todo carinho acumulado em cada quadradinho do piso. Cada abraço dado na porta de entrada e cada sorriso de boas vindas perdidos, vendidos.
E o pior não é mudar. O pior é voltar para casa cansada a noite, para uma casa que não tem historias. É entrar em um ambiente hostil em que a cama não é mais um abraço reconfortante, em que a garrafa de café fica mais longe das mãos e das xícaras, em que a paisagem que se olha do quarto não é mais o quadro garantido. E a cidade me dá tchau, com aquelas luzes, como olhos brilhantes segundos antes da primeira lágrima.
A vida traz caminhos inesperados.
Saindo do meu lar, queria sair da vida... Assim como abandono minhas paredes sujas, pretendo abandonar meu passado mal pintado......
E o pior não é mudar. O pior é voltar para casa cansada a noite, para uma casa que não tem historias. É entrar em um ambiente hostil em que a cama não é mais um abraço reconfortante, em que a garrafa de café fica mais longe das mãos e das xícaras, em que a paisagem que se olha do quarto não é mais o quadro garantido. E a cidade me dá tchau, com aquelas luzes, como olhos brilhantes segundos antes da primeira lágrima.
A vida traz caminhos inesperados.
Saindo do meu lar, queria sair da vida... Assim como abandono minhas paredes sujas, pretendo abandonar meu passado mal pintado......
domingo, 15 de fevereiro de 2009
RETRATOS...
Hoje, ao observar fotos antigas vejo retratos de rostos que já não são mais os mesmos, pessoas que já não são mais... E quem eram? Algum dia já foram?
Não, há uma única triste e verdadeira conclusão, eu já fui... Já fui outra, outras, várias e diversas em tempos diferentes... as pessoas acompanharam ou não tal mudança.
As que não vieram junto a mim, ficaram como nos retratos de uma cyber shot ou de uma analógica, simplesmente eternas.
A vida se encarregou de lhes tirar de mim, de me arrancar deles... Por força das mudanças da idade alguns ficaram com o sorriso ou lágrima eterna em um pedaço de papel ou em uma tela do notebook...
E ao ver, lembranças caem junto a lagrimas e sorrisos de nostalgia, de saudade, de amor perdido, de sentimentos indefinidos de tempos que nunca hão de voltar... De pessoas que nunca mais existirão.
Não, há uma única triste e verdadeira conclusão, eu já fui... Já fui outra, outras, várias e diversas em tempos diferentes... as pessoas acompanharam ou não tal mudança.
As que não vieram junto a mim, ficaram como nos retratos de uma cyber shot ou de uma analógica, simplesmente eternas.
A vida se encarregou de lhes tirar de mim, de me arrancar deles... Por força das mudanças da idade alguns ficaram com o sorriso ou lágrima eterna em um pedaço de papel ou em uma tela do notebook...
E ao ver, lembranças caem junto a lagrimas e sorrisos de nostalgia, de saudade, de amor perdido, de sentimentos indefinidos de tempos que nunca hão de voltar... De pessoas que nunca mais existirão.
MAIS OUTRA PARTIDA...
E o que é a vida senão um longo e cansativo tabuleiro de xadrez? A cada escolha feita, vem o ávido oponente, pronto a dar o xeque-mate, o fabuloso Senhor Destino... Ele observa do outro lado da mesa, sentado, ansiando por um leve momento de fraqueza, no qual com toda sua audácia e malícia move suas peças para tornar a próxima jogada mais difícil, mais cruel...
As relações humanas são jogos... Cada ação sofre uma consequência, cada palavra é carregada dos mais diversos sentimentos ocultos. O cinismo faz da partida algo inédito, com fim previsível e marcado.
Mas por que jogar xadrez? Não seria mais simples se fosse uma partida de ping-pong?
Palavras pra cá... palavras pra lá... simples, claro, sincero... mas não... cada um do seu lado da mesa, arquitetando o próximo passo, o próximo telefonema, o próximo encontro....
Jogadores somos todos, infelizes sim, porém entretidos....
As relações humanas são jogos... Cada ação sofre uma consequência, cada palavra é carregada dos mais diversos sentimentos ocultos. O cinismo faz da partida algo inédito, com fim previsível e marcado.
Mas por que jogar xadrez? Não seria mais simples se fosse uma partida de ping-pong?
Palavras pra cá... palavras pra lá... simples, claro, sincero... mas não... cada um do seu lado da mesa, arquitetando o próximo passo, o próximo telefonema, o próximo encontro....
Jogadores somos todos, infelizes sim, porém entretidos....
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
If you never try... you'll never know...
A fúria não vem do ato da decepção, mas da falta de honra do não dizer.
A ausência das palavras é pior do que a dura verdade.
A náusea das lembranças não é por serem ruins, mas por arrependimento de não ter entendido os sinais.
E agora, o cansaço vence, sobre a falta de forças para continuar ignorando a falsa sensação.
É uma perda, ou um ganho. Não interessa, não se deve encorajar o medo alheio... Não deve deixar-se amedrontar pela força, pela idependência, pela felicidade...
"Embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu" e sabiamente quem teme a felicidade teme a vida... e de covardes vestidos de estrelas o mundo sofre, e o brilho e sorriso que se encontram em cada detalhe, cada palavra, são perdidos por pura fobia.
Ah, a vida não prega peças... quem prega são as pessoas.
Nada é tão dificil que seja impossível, mas se não valhe a pena, não adianta lutar....
Tristes não são as palavras que arranham os tímpanos... Cruéis são palavras que se espera e nunca vêm....
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A ausência das palavras é pior do que a dura verdade.
A náusea das lembranças não é por serem ruins, mas por arrependimento de não ter entendido os sinais.
E agora, o cansaço vence, sobre a falta de forças para continuar ignorando a falsa sensação.
É uma perda, ou um ganho. Não interessa, não se deve encorajar o medo alheio... Não deve deixar-se amedrontar pela força, pela idependência, pela felicidade...
"Embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu" e sabiamente quem teme a felicidade teme a vida... e de covardes vestidos de estrelas o mundo sofre, e o brilho e sorriso que se encontram em cada detalhe, cada palavra, são perdidos por pura fobia.
Ah, a vida não prega peças... quem prega são as pessoas.
Nada é tão dificil que seja impossível, mas se não valhe a pena, não adianta lutar....
Tristes não são as palavras que arranham os tímpanos... Cruéis são palavras que se espera e nunca vêm....
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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
VÍCIOS
Olhando para cima, ao som de Billie Holiday, tenho uma suave sensação, que pouco dura mais que um milésimo de segundo, onde parte do céu se clareia, como se dentre a escuridão da noite, uma luz viesse acalentar o coração.
E como olhar a lua e não lembrar de você? Como respirar a brisa noturna e não sentir seu perfume?
Ah! E se amor e jazz matassem, eu já não mais estaria viva....
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E como olhar a lua e não lembrar de você? Como respirar a brisa noturna e não sentir seu perfume?
Ah! E se amor e jazz matassem, eu já não mais estaria viva....
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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
CINDERELA...
Se as badaladas não soassem o aviso do amanhecer, ela teria continuado parada exatamente onde estava. Ali olhando seu rosto contra a luz do vidro aberto, a curva de seu nariz perfeito, a barba mal feita, o brilho dos olhos...
Se a noite não acabasse ali, aos gritos do raiar do sol, ela ficaria eternamente no estado de êxtase que se encontrava. Nenhum lugar era melhor, ninguém mais existia. Ela estava sob efeito total e completo de uma magia superior a qualquer aviso da realidade. E seu corpo parecia flutuar, sem tocar em nada, leve... Sentia somente os fios de cabelo dele, suados, passando por entre seus dedos, e era tudo que queria sentir...
Não via nada além de seu suave toque no volante e seu sorriso lindo de canto de boca. E se fosse possível comprar o tempo, ela gastaria fortunas para que aquele durasse mais... Se fosse possível possuir pessoas, ela o teria para si.
Sua companhia fazia cada detalhe da madrugada simplesmente agradável e cada minuto digno de um sorriso. O vento que lhe afagava o rosto era uma brisa do paraíso e o carro escorregava rumo ao fim. Não queria que chegasse nunca, o caminho podia ser mais longo...
Vem a claridade e com ela a razão. Uma frase ressoa em sua cabeça "Tenho medo de você", e mal sabe ele que toda essa certeza de si não passa de uma carcaça que encobre o medo e a protege de grandes decepções. Mal sabe ele, que ela só tem essa segurança quando se trata de paixão. Mas ela só tem uma pessoa na cabeça e no coração. Essa paixão é ele...
Se a noite não acabasse ali, aos gritos do raiar do sol, ela ficaria eternamente no estado de êxtase que se encontrava. Nenhum lugar era melhor, ninguém mais existia. Ela estava sob efeito total e completo de uma magia superior a qualquer aviso da realidade. E seu corpo parecia flutuar, sem tocar em nada, leve... Sentia somente os fios de cabelo dele, suados, passando por entre seus dedos, e era tudo que queria sentir...
Não via nada além de seu suave toque no volante e seu sorriso lindo de canto de boca. E se fosse possível comprar o tempo, ela gastaria fortunas para que aquele durasse mais... Se fosse possível possuir pessoas, ela o teria para si.
Sua companhia fazia cada detalhe da madrugada simplesmente agradável e cada minuto digno de um sorriso. O vento que lhe afagava o rosto era uma brisa do paraíso e o carro escorregava rumo ao fim. Não queria que chegasse nunca, o caminho podia ser mais longo...
Vem a claridade e com ela a razão. Uma frase ressoa em sua cabeça "Tenho medo de você", e mal sabe ele que toda essa certeza de si não passa de uma carcaça que encobre o medo e a protege de grandes decepções. Mal sabe ele, que ela só tem essa segurança quando se trata de paixão. Mas ela só tem uma pessoa na cabeça e no coração. Essa paixão é ele...
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