segunda-feira, 28 de abril de 2008

CAPÍTULO 2

fantasie............

Carmen Juanita, como a personagem mais contraditória de todas desta novela, embarca em mais uma semana de angústia dúvidas e desilusões, talvez as coisas estejam clareando agora e dê para ver ao menos um raio de sol reluzindo em um caco de vidro de garrafas quebradas na calçada por onde ela passeia sem rumo, lembrando de momentos e conversas. Entre uma esquina e outra, Carmen derrama uma lágrima, a dúvida que assola sua mente e seu coração a deixa inquieta. Pensa em Uliber Fonseca, seu namorado, seu porto seguro, o homem que se preocupa e pensa nela todos os dias, a pessoa que com certeza estaria a seu lado em qualquer situação seja de alegria, seja de perigo. Mas seu coração bate mais forte e neste instante sente o cheiro acompanhado da lembrança do abraço dele, Juan Pablo, o menino misterioso, que desaparece, reaparece e mexe com seus sentimentos. Carmen Juanita não tem duvidas que largaria tudo, todos, deixaria o mundo para trás se Juan a abraçasse e a levasse para o seu universo, mesmo que ela não fizesse idéia do que poderia encontrar lá, ela iria, de olhos fechados, sem pensar duas vezes, porque tinha certeza, e não uma certeza racional, diga-se de passagem, que com ele o mundo poderia ser cor-de-rosa, tinha a certeza que por mais misterioso que fosse, ele sentia o mesmo que ela, só não tinha coragem de admitir. É nesse momento que Carmen se autoflagela psicologicamente, pois ela, assim como ele, era uma covarde. Preferia ficar com o certo a se matar tentando pelo duvidoso, mas o certo apesar de ser confortável, nunca a levaria a felicidade extrema, o duvidoso por sua vez, por mais adrenalina que pudesse causar, por maior a insegurança e instabilidade que trouxesse, a levaria a lugares inéditos, a transformaria em um sopro de inspiração, em um labirinto de felicidade....
É segunda-feira a noite, Carmen sentada em sua cadeira confortavelmente acolchoada assistindo a uma aula interessantíssima, sente-se sendo observada, mas não procura por olhares perdidos pela sala, ela já sabe quem a observa, e não se incomoda, não faz pose, nem se importa, ela gosta do fato de poder ser tão natural em sua presença, sabe que uma coisa que lhe atrai é sua espontâneidade... Carmen é tomada por uma súbita vontade de tomar um café, levanta-se e discretamente lança um olhar para o fundo da sala, onde se encotra Juan Pablo sentado, de braços cruzados, cara de bravo, olhar incisivo para frente... ela acredita que ele nem notou sua saída, quando chega ao corredor, sente uma presença atrás de si............................

"oi Carmen...." Não, não era Juan, era um abraço carinhoso de Ildegar Manoel, seu colega.
Depois de uma longa conversa, Carmen e Ildegar voltam para a sala, e ao entrar, ela repara que Juan a observa, com desconfiança... desvia o olhar.

Fim da aula, eles saem da sala juntos, como se tivessem combinado, e caminham pelas rampas lado a lado, conversam sobre coisas desinteressantes, ambos sabem q é só o prefácio do dia, que a real conversa ainda estava por vir.

Sentados, com os corpos bem perto um do outro, trocam as primeiras palavras ásperas. Carmen com seu jeito manipulador e o dom da retórica, solta palavras de efeito em frases bem construídas e Juan, esperto e malandro, sabe exatamente o significado de cada som, cada olhar... Responde com seu jeito experiente. Gritam e a cada palavra se aproximam mais da boca alheia, como em um balé de guerrilheiros, olhos nos olhos, nem se importam com as pessoas a sua volta, falam de coração... olhares desviados um para boca do outro, vontade incontrolável de inclinarem-se milímetros a frente e tocar labio superior de um no inferior do outro, mas param, calam-se afastam-se... respiram fundo, como numa tentativa de suprimirem os desejos internos, de fingirem que não gostariam de se abraçar e fazer amor ali no meio da rua, das pessoas, da porta de um teatro....
Após longa troca de ofensas e desaforos, Carmen desiste de ser forte, cansada de ser covarde pede, implora, para que Juan a leve com ele, que ele a salve de sua vida e a coloque ao seu lado, mas Juan Pablo, mesmo com esse jeito durão e impetuoso, é um medroso... Não consegue admitir para si que ele pode ser muito mais feliz ao lado de Carmen, que os dias com ela seriam de longe os melhores e mais divertidos dias de sua vida, sim, Juan tem medo do futuro duvidoso. E quem diria, o menino misterioso, o senhor guerreiro, tem medo do incerto.... Afasta Carmen, praticamente a manda embora, rasga todas suas esperanças, destrói suas ilusões... frases longas e explicativas mostram que ela não é nem uma ervilha embaixo de seu colchão, Carmen não faz a mínima diferença para Juan... Arrasada, com seu orgulho ferido, e atrasada para encontrar com Uliber Fonseca que a busca com sua limusine todos os dias, dá as costas já sem esperanças.... ouve seu nome sendo chamado, quase que suplicado... dá meia volta, abraça não com o corpo, mas com a alma e o coração Juan Pablo, puxa seu corpo e lhe dá um beijo, rápido, errado, medroso e com muito sentimento contido... vira as costas e sai correndo para encontrar Uliber Fonseca... olha pra trás e lá está Juan Pablo, inabalável caminhando tranquilo pela rua escura, como se absolutamente nada tivesse acontecido.........

TO BE CONTINUED...............................................................................................

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